sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Mais um

Ótima notícia para receber no final do dia. Mais um artigo aceito para publicação. Esse artigo - Bolsa Família ou desempenho da economia? Determinantes da reeleição de Lula em 2006 - é um dos que eu mais gostei de ter escrito (e um dos mais citados também).

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Encontros Inusitados: Pink Floyd e Raimundo Soldado

Abraçando Você + Wish You Were Here

+
=

Conquistando o Mundo + Dark Side of the Moon

+
=

O Astro do Maranhão + The Wall

 +
 =

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

10 Anos

Na verdade, a minha relação com a FGV tem mais de 10 anos, se eu também considerar os anos nos quais eu fui apenas aluno. Em todo esse tempo, não houve um dia em que eu não aprendesse alguma coisa. O melhor é que na última década eu ainda fui pago por isso.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Programa para antes do Natal

Sim, já é Natal na Leader Magazine. Mas até o dia 25 de dezembro ainda vai acontecer muita coisa. Por exemplo, no dia 16 ocorrerá o lançamento do livro Ensaios IBRE de Economia Brasileira II, organizado por Regis Bonelli e Fernando Veloso, e que conta com a minha modesta contribuição. Estão todos convidados.

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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Grandes Clássicos do Nosso Cancioneiro Popular (7): Você Gosta de Mim

Tem que respeitar Raimundo Soldado. Sim, ele tinha bigode grosso. E, apesar do nome, tem patente alta na verdadeira música popular brasileira. Por isso, a despeito da imensa fila de heróis a espera de sua homenagem na série Grandes Clássicos do Nosso Cancioneiro, resolvi novamente falar de Raimundo Soldado.



Sua obra prima, a belíssima canção Não Tem Jeito Que Dê Jeito (ver aqui), exala lirismo e melancolia. No entanto, Raimundo Soldado também sabia capturar a alegria e transformá-la em música. E o resultado é incrivelmente simples e, por isso mesmo, de uma riqueza poética e melódica sem precedentes.



E a canção Você Gosta de Mim é a prova de que a genialidade realmente está na simplicidade, em fazer muito com pouco. Em apenas oito versos Raimundo Soldado faz uma incrível fusão de soul music, carimbó e outros ritmos nordestinos. Não bastasse a riqueza poética dos versos, a interpretação singular de Soldado, a levada frenética e quase tribal da bateria de Flávio e a inconfundível sonoridade dos teclados de Buda são capazes de levantar até defunto.

Não acredita? Ouça você mesmo e depois me diga se conseguiu ficar parado.



Você gosta de mim (Raimundo Soldado)

Tudo
Entre nós não tem fim
Eu te amo demais
Você gosta de mim

Agora
A festa vai começar
E nós vamos dançar
Até a madrugada chegar
Ôoo 

Se gostou dessa provavelmente também vai gostar desse outro clássico.





Se você gostou veja também:
Te Amo, Que Mais Posso Dizer?
Vou Tirar Você Desse Lugar
Vem Fazer Glu-Glu

Não Tem Jeito que Dê Jeito
Deixa Eu Te Amar
Fuscão Preto

terça-feira, 18 de novembro de 2014

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Viva o cinema nacional

Você gosta do gênero faroeste? Achou sensacional a abordagem que o Taratino deu ao gênero em Django Livre?

Pois saiba que o cinema brasileiro produziu algo pelo menos do mesmo nível. Assista a atuação colossal de Fernando Benini - isso mesmo, o cara das pegadinhas - no trecho de um clássico do cinema nacional: Um Pistoleiro Chamado Papaco. Peço atenção especial para a riqueza dos diálogos. Simplesmente sensacional.



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Copa ED 2014

O maior evento de fanfarronice esportiva do planeta já tem data para acontecer: 20 de dezembro.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Dica de leitura

Joana e Luiza advertem: ineficiência faz mal à saúde. Leia a íntegra da postagem A (in)eficiência e o SUS no excelente blog O Agente Principal. Recomendo muito a leitura. Mas se você é muito preguiçoso, esse trecho abaixo resume bem o argumento.  

(...) a ineficiência, provocada muitas vezes pela falta de informações, pela distorção de incentivos e por falhas de governança, tende a se perpetuar. E este fato faz com que qualquer melhora pequena que se busque na qualidade ou acesso à saúde exija uma quantidade de recursos muito maior do que a que seria necessária sob condições adequadas. Em um contexto onde o crescimento dos gastos de saúde é uma preocupação mundial, ignorar o elevado desperdício do setor parece uma irracionalidade. Se ainda levarmos em conta as particularidades do Brasil, como o gasto público substancial, o orçamento altamente engessado e as pressões de gasto que já são vislumbradas apenas pelas mudanças esperadas de perfil demográfico e epidemiológico, então podemos concluir que falar de gastos sem falar de eficiência indica que estamos no caminho errado para continuar garantindo a melhora da saúde no Brasil.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sobre futebol e intolerância (II)

Aranha ontem foi o melhor em campo. Fez pelo menos três defesas difíceis e evitou que o Santos saísse derrotado no confronto com o Grêmio pelo Campeonato Brasileiro.

Não bastasse isso, mais uma vez ele fez a diferença fora de campo. Mas agora não pode vaiar e xingar o time adversário? Claro que pode. Entretanto, quem acompanha futebol e tem um pouco de discernimento sabe que, obviamente, as vaias e a hostilidade que ele recebeu não foram normais ou coisas do jogo. Quem diz isso é, usando as palavras do próprio Aranha, hipócrita.

Ele claramente foi vaiado e hostilizado por conta das denúncias de racismo que fez no último confronto entre os dois clubes. Que meus amigos gremistas me desculpem, mas a torcida do Grêmio sinalizou que concorda com as atitudes racistas que aconteceram dentro do seu estádio.     

Novamente Aranha não se esquivou das perguntas. No meio de tanta besteira que se falou sobre o assunto (essas foram as contribuições de Felipão e Pelé), ele manteve a lucidez e a ponderação todo o tempo. Mas nunca deixou de ser incisivo. Sabe muito bem do que fala e a mensagem que quer passar. Sozinho, Aranha já fez muito mais contra o racismo do que todas as campanhas insossas da CBF e da Fifa sobre o tema.

Leia aqui a postagem anterior sobre o assunto.

PS. Talvez tenha escolhido mal as palavras. Não quis dizer que todo gremista é racista, tampouco que a torcida do Grêmio é mais racista do que as outras. Nem pretendo abrir uma campanha contra o Grêmio. O fato é que todo episódio envolveu a torcida do Grêmio. Poderia ser a torcida de outro clube. Eu reagiria do mesmo modo se fosse com a torcida do Fluminense? Creio que sim, mas também não posso garantir isso (vemos as coisas diferentes quando estamos emocionalmente envolvidos). O ponto é que para mim ficou bem claro que as vaias ao Aranha foram de alguma forma desproporcionais (não sei se essa é a melhor palavra, mas ainda não encontrei uma melhor). E tive essa impressão mesmo antes das declarações do Aranha. É como pornografia: é difícil definir, mas se reconhece na hora quando se vê.

PS2. Achei essa postagem ótima, traduz bem o que eu quis dizer a respeito do episódio. O cara é gremista e estava no estádio.

É preciso bem mais do que faixas antes dos jogos para combater o racismo

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ainda não dá para comemorar ...

... e pelo jeito vai demorar. Artigo de minha autoria publicado hoje no jornal O Estado de São Paulo.

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Quem é meio cegueta pode ler aqui.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Como fazer amigos e influenciar pessoas

Nesse final de semana tive a oportunidade de fazer muitos novos amigos. Pelo jeito eles não se importaram muito com o fato de eu ser um pouco menos ajuizado do que eles.

 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Quiz (II)

Quem é o rei das pedaladas?

Lance Armstrong?
Robinho?
Arno Augustin?

Sobre futebol e intolerância

Estava assistindo ao jogo. Pela reação do goleiro do Santos, percebi na hora do que se tratava, mesmo sem imagens das arquibancadas (o canal SporTV demorou para perceber o que estava acontecendo e não filmou as ofensas, mas a ESPN o fez - veja aqui).

Gostei muito das declarações do Aranha logo após à partida (veja aqui). Foi incisivo, não generalizou e, mesmo diante de uma situação como aquela, manteve a lucidez. Pena que nas redes sociais as pessoas não tenham mantido esse padrão.

Racismo existe (e muito) no Brasil e sempre tem que ser repudiado com veemência. Jamais deve ser relativizado ou minimizado. Que as pessoas envolvidas sejam identificadas e punidas severamente com a lei. Não tenho pena nenhuma desses idiotas. Aliás, também defendo que o clube sofra punição pesada. Mas daí a promover linchamentos (ainda que virtuais) de pessoas vai uma distância muito grande. Trata-se do mesmo tipo de comportamento, só que com sinal trocado. Incrível como o ser humano pode agir de forma imbecil quando se sente protegido por uma multidão ou por uma tela de computador.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa ao redor do meu umbigo (VII): Brasil 0 x 3 Holanda

A Copa do Mundo acabou. E com ela se encerram as crônicas. Segue a última, sobre um jogo que eu não vi.

Melancolia

Não vi o jogo. Aliás, como o técnico da Holanda, também não vejo muito sentido na disputa do terceiro lugar na Copa do Mundo. E, principalmente, em nenhum momento me senti motivado para assistir ao confronto entre holandeses e brasileiros.

Mas assisti a final. E mais do que isso, presenciei a reação de brasileiros e argentinos durante e após o jogo. Torci para Alemanha. Por diversos motivos, mas também por conta da rivalidade futebolística que temos com nossos vizinhos. Mas não fiquei feliz com a vitória dos alemães. Pelo menos não a ponto de comemorar.

Enquanto caminhava pelas ruas, pude observar a tristeza dos argentinos e a felicidade de muito brasileiros (quase não haviam alemães). Senti pena. Não dos argentinos, mas dos brasileiros. A tristeza deles era genuína, fizeram um grande jogo e tiveram chance de vencer. Do nosso lado a felicidade me pareceu um pouco forçada. A impressão que tive é que muitos insistiam em parecer felizes para esconder a tristeza que, no fundo, sentiam. Algo que provavelmente sumiria quando voltassem para suas casas. Para nós foi um final melancólico, como os tangos argentinos.


Leia as crônicas anteriores:
Brasil 1 x 7 Alemanha 
Brasil 2 x 1 Colômbia
Brasil 1 x 1 Chile (3 x 2 nos pênaltis)
Brasil 4 x 1 Camarões
Brasil 0 x 0 México
Brasil 3 x 1 Croácia

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Novo ônibus da seleção

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A Copa ao redor do meu umbigo (VI): Brasil 1 x 7 Alemanha

Por motivos óbvios a crônica será pequena, até para contrastar com a sacolada de gol que levamos dos alemães.

Sete de Copas

Não deu nem para ficar com raiva. Parece que vão recontar os gols para se certificarem de que foram mesmo sete. Foi tão esdrúxulo que chegou a ser sacanagem com os alemães. Deu pena dos caras, classificados para a final da Copa do Mundo e tendo quase que pedir desculpas.


E o que dizer do tanto de Alemanha que existe dentro do gol do Júlio César?

Leia as crônicas anteriores:
Brasil 2 x 1 Colômbia
Brasil 1 x 1 Chile (3 x 2 nos pênaltis)
Brasil 4 x 1 Camarões
Brasil 0 x 0 México
Brasil 3 x 1 Croácia

domingo, 6 de julho de 2014

A Copa ao redor do meu umbigo (V): Brasil 2 x 1 Colômbia

Como estava sem computador, essa demorou mais do que o habitual para sair. E, como estou com preguiça (hoje é domingo, afinal) e de luto (obviamente não me refiro a Neymar, mas a Assis), essa vai ser bem menor do que de costume.

Tipo Colômbia uma Ova, Tipo Brasil

Os colombianos que me desculpem, mas camisa é fundamental. Eles podem até jogar como brasileiros, mas ainda tem que comer muito angu para nos alcançar. As cinco estrelas que carregamos no peito são mais do que um mero adorno, servem para esfregar na cara das outras seleções que, parafraseando nosso capitão, aqui é Brasil, porra!

(Modo trocadilho infame ativado)

Nessa hora é cada um no seu Cuadrado: Brasil classificado e Colômbia eliminada.

(Modo trocadilho infame desativado)

O time continua um bando como nos outros jogos. Até ensaiamos uma marcação pressão no começo da partida, como nas Copas das Confederações, mas ainda não temos meio campo. E não teremos até o final da Copa do Mundo. Os gols provavelmente continuarão saindo das  bolas paradas. Pelo menos o buraco pelo lado direito sumiu, junto com o Daniel Alves.

Para o jogo contra a Alemanha, perdemos Neymar e Thiago Silva (a não ser que a CBF contrate os advogados do Fluminense e consiga reverter o cartão amarelo que ele tomou). A perda do zagueiro me preocupa mais: Neymar não jogou bem nos dois últimos jogos e mesmo assim saímos vitoriosos. De certo modo, é como se ele já não estivesse lá. É claro que será mais difícil sem ele, mas não é caso para pânico. Os alemães suaram para eliminar a Argélia e empataram com Gana. Não são nenhum bicho papão. Nós é que somos.

Por fim, Zagallo me mandou outro WhatsApp, chamando atenção para um fato que poucos perceberam. Neymar, nosso camisa dez, fraturou a terceira vértebra lombar: 10+3=13. Vai dar Brasil.

Dançaram

Leia as crônicas anteriores:
Brasil 1 x 1 Chile (3 x 2 nos pênaltis)
Brasil 4 x 1 Camarões
Brasil 0 x 0 México
Brasil 3 x 1 Croácia

O Casal 20 junto de novo

Hoje é domingo, dia de Fla Flu Celestial. Não sei se vocês sabem, mas todo dia é domingo no céu. E todo domingo tem Fla Flu. E todos são decisivos. E no céu, como aqui na terra, o Fluminense leva enorme vantagem nesses confrontos.

Por isso hoje o vestiário do Flamengo Celestial estava em festa. Jogavam pelo empate e o time estava embalado. Minutos antes de entrarem em campo o clima era de otimismo absoluto. Eis que entra esbaforido um anjo da comissão técnica dos rubro-negros: — “Fodeu, ele vai jogar!”.

Normalmente esse tipo de palavreado é proibido no céu. Mas São Pedro faz vista grossa quando o assunto é futebol. Com a barulheira que havia se instalado no vestiário quase ninguém ouviu o anjo. Então ele berrou de novo: — “Gente, fodeu, ele vai jogar!”.

De bate-pronto outro integrante da comissão técnica respondeu: — “Grande coisa, hoje é a estréia do Washington no Fluminense Celestial. Já estamos preparados para isso. Bateu forte no peito e bradou: — “Aqui é Flamengo, porra!”. 

No que um cartola complementou: — “Se ainda fosse o Assis. Aquele filho da puta sempre arrumava um jeito de marcar um gol contra a gente ...”.

E foi nesse momento que, estarrecidos, os flamenguistas perceberam que a notícia era justamente essa. Assis iria jogar pelo Fluminense Celestial. E fez-se um silêncio que pareceu durar uma eternidade. E olha que no céu uma eternidade costuma demorar muito.

Logo um aparelho de rádio foi sintonizado na Rádio Globo Celestial. O Flu já estava em campo e Assis dava uma entrevista ao vivo, na beira do gramado: — “Quando soube que o Washington iria estrear hoje contra o Flamengo Celestial, eu tive que vir também. Não poderia deixá-lo sozinho em um momento como esse”.

A essa altura o clima era de velório no vestiário rubro-negro. Era muita sacanagem escalarem o cara assim, em cima da hora. Um dirigente tentou animar os atletas do Flamengo. Em vão: todos eles já sabiam o que significava ter o Carrasco do outro lado.

E nuvens começaram a se formar nas imediações do Maracanã Celestial. Mas não eram prenúncio de chuva. Eram toneladas de pó de arroz que anunciavam mais uma vitória tricolor. Provavelmente seria sofrida, como sempre são as conquistas do Fluminense. Na tribuna de honra, o Papa João Paulo II, vestido com sua camisa tricolor, acenava para a massa em êxtase. E a torcida do Fluminense Celestial cantava com a certeza de que, com o Casal 20 novamente em campo, não haveria como perder aquele jogo. 

E assim foi.



domingo, 29 de junho de 2014

Capítulo especial de domingo

Porque o México sempre será o Cirilo do futebol mundial.


A Copa ao redor do meu umbigo (IV): Brasil 1 x 1 Chile (3 x 2 nos pênaltis)

Eu avisei que iria ter muito sofrimento. E não se iludam, vai piorar. Não por acaso, na coletiva de imprensa após o jogo o Felipão deixou claro que acabou o amor. Mas se o amor acabou, as crônicas continuam. Segue a quarta.

Carta aberta a Júlio César

Rio de Janeiro, 29 de junho de 2014

Prezado Júlio César,

Escrevo esta carta não somente como torcedor, mas como goleiro. Nélson Rodrigues via a mesma dramaticidade em uma pelada de rua e em uma final de Copa do Mundo. Eu sempre concordei com ele e, nesse sentido, posso dizer que goleiros profissionais e de pelada possuem de fato a mesma essência. Explosão, reflexos, intuição e elasticidade. Todos os goleiros devem ter essas características. Mas, antes de tudo, goleiros devem ter coragem. Falo também de coragem para se jogar nos pés dos atacantes ou para ir de encontro à bola em chutes fortes. Mas não é disso que estou falando. 

Goleiros, pelo menos os bons, devem ter coragem de se expor. Somente quem já tomou um frango - e no nosso caso não foram muitos - sabe do que eu estou falando. Se um atacante perde um gol ou um zagueiro comete um erro, não tem tempo para pensar muito sobre isso durante o jogo. Logo é acionado novamente ou recebe uma outra bola para tentar de novo. Nós, não. Enquanto o jogo se desenrola no outro lado do campo ficamos solitários na área. Inevitável que fiquemos remoendo a falha. E quando a bola voltar para cumprir seu destino de balançar as redes temos que estar prontos de novo. E mesmo que sejamos brilhantes durante o resto da partida, todos - inclusive nós mesmos - se lembrarão da nossa falha. E se o resultado for negativo, essa falha será a única coisa que será lembrada. Por isso, acabamos desenvolvendo um certo tipo de força mental que os outros jogadores usualmente não possuem. Ser goleiro é, de certa forma, praticar um esporte dentro de outro esporte.

Mas mesmo os goleiros merecem ser redimidos. Por isso inventaram a disputa por pênaltis. Dizem que é um modo de desempatar confrontos em jogos de futebol. No entanto, tenho a convicção de que é um modo de se fazer justiça conosco. Pode parecer estranho. Aparentemente tudo conspira contra nós, como sempre. A meta é enorme e a distância até a linha do gol é pequena. Mas é justamente isso que nos favorece. Ficamos lá, esperando a cobrança, com a alma leve de quem não tem mais nada a perder. Os batedores têm que caminhar solitários do centro do campo até a marca penal. Nesse caminho acabam tendo que pensar na enorme responsabilidade que está sobre seus ombros. Boa parte deles não está acostumada com isso. Disputa por pênaltis, mais do que futebol, é uma disputa mental. E é nisso que reside a nossa vantagem. Só quem já viu o pavor nos olhos de um batedor durante uma disputa por pênaltis vai entender plenamente o que estou dizendo. Somente goleiros sabem como é a sensação de defender uma cobrança em um jogo decisivo. Por isso, imagino como você deve estar se sentindo agora.

E no seu caso a redenção foi amplificada. Confesso que também xinguei muito você por conta daquela falha no jogo contra a Holanda há quatro anos. Também sou torcedor. E também vociferei contra a sua convocação. Você era o melhor goleiro do mundo em 2010, mas atualmente não é nem o melhor goleiro do Brasil. Sequer acho que você está entre os três melhores. Não deveria, portanto, estar no gol da seleção nesta Copa do Mundo. Mas isso não interessa mais, não é verdade? De todo modo, não acho que você mereça desculpas. Escolhemos ser goleiros. Ou, às vezes gosto de pensar assim, talvez não tenhamos tido escolha. Talvez sejamos escolhidos. Então, não há o que fazer quanto a isso. Apenas resigne-se.

E, nos próximos jogos até a final, nada do que você fez no jogo contra o Chile vai contar. Se falhar de novo, vai ser lembrado como o goleiro que pôs tudo a perder em duas Copas do Mundo. Então, vai ter que caprichar. No entanto, veja o lado bom das coisas. Muitos de nós não tiveram a segunda oportunidade que você recebeu. Barbosa morreu carregando o fardo do Maracanazo. Você pode pensar que eu não sei do que estou falando. Nem profissional eu sou (o mundo está mesmo cheio de injustiças). Nunca joguei para mais do que mil pessoas. Mas milhares de goleiros de pelada, como eu, ainda se lembram, anos depois, daquele campeonato em que falharam e colocaram tudo a perder. Lembre-se disso, sua trajetória está longe de ser única, apenas é mais conhecida pelo público. Afinal, não há diferenças essenciais entre peladas e jogos de Copa do Mundo. Portanto, você não tem escolha: siga em frente. 

No mais, continuo torcendo pela seleção.

Grande abraço

Mauricio

PS. Durante a semana dê enfase aos treinamentos de bolas cruzadas sobre a área. Em particular dos cruzamentos vindos da direita. Você sabe, é o Daniel Alves que está desse lado e durante os próximos jogos essa jogada ainda vai acontecer muitas vezes. E, se der, aproveita que você está com moral e pede para o Felipão escalar o Maicon. E pede também para o pessoal dar uma treinada nas cobranças de pênalti, não é sempre que dá para pegar duas e contar com a trave em uma terceira.

Às vezes é difícil perceber, mas temos todos a mesma essência

Leia as crônicas anteriores:

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Copa ao redor do meu umbigo (III): Brasil 4 x 1 Camarões

Sem firulas, lá vai a terceira.

Assassinaram os Camarões

A seleção de Camarões não queria nada com a Hora do Brasil, mas ainda assim chegou a dar uma complicada no começo do jogo. Nossa defesa continua dando sustos nas bolas aéreas. Além disso, erramos algumas saídas de bola que poderiam ter custado caro. A falta de experiência em Copas do Mundo parece que pesou um pouco.

Neymar foi decisivo novamente. Paulinho muito mal de novo. Espero que Fernandinho tenha garantido a vaga de titular. Somente peço que a imprensa não enfatize muito isso, pois corremos o risco de o Felipão manter o Paulinho só para marcar posição. Fred ainda está devendo, mas melhorou no segundo tempo. Contra o Chile, que tem uma defesa baixa, torço para que ele seja mais acionado nas bolas aéreas. Do Hulk eu não esperava muita coisa mesmo. O problema é o Felipão insistir em colocar o Ramires em seu lugar.

Daniel Alves merece um parágrafo só para ele. Teria sido o pior em campo se não tivesse feito um gol de falta. Ah, o gol foi no comercial? Então foi o pior em campo mesmo. Deveria ser relações públicas da seleção, só é notado quando está confraternizando com os jogadores adversários (ou quando toma bola nas costas). A única boa jogada que ele fez no jogo na verdade foi do Neymar (na hora eu confundi os dois por causa do cabelo amarelo). Afinal, para que serve um lateral ofensivo que nunca chega à linha de fundo?

Agora é o Chile. Vai ter sofrimento. Seria bom escalar aquele árbitro japonês só para garantir.

Rumo ao hexa!


Veja a crônica dos jogos anteriores:
Brasil 0 x 0 México
Brasil 3 x 1 Croácia

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Copa ao redor do meu umbigo (II): Brasil 0 x 0 México

E lá vai a segunda crônica sobre a Copa do Mundo (leia a primeira aqui). Desta vez saiu publicada no jornal Valor Econômico (leia aqui se você é assinante). Estão finalmente descobrindo a minha vantagem comparativa.

Quando Felipão encontra Liberatinho

Substituições. É disso que este artigo trata. O grupo está coeso, eu vou entrar para somar e todos devem estar prontos para quando aparecer uma oportunidade, diria eu se fosse um jogador de futebol.

Algo muito corriqueiro no futebol moderno, as substituições somente foram permitidas a partir da Copa do México, em 1970. Antes disso, em caso de lesão, as equipes eram obrigadas a continuar a partida em desvantagem numérica. Atualmente as substituições têm um papel tático importante no futebol. Quando bem-feitas podem mudar o rumo de um confronto.

E isso nos leva a Liberatinho. E nesse ponto vocês devem estar se perguntando: quem é ele, afinal? Você não vai falar do jogo? O que isso tem a ver com a Copa do Mundo? No que eu respondo: calma que eu chego lá.

Pois bem, Liberatinho foi técnico do time infantil do Central Atlético Clube, equipe que defendi com muito orgulho ao longo de minha infância em Miguel Pereira. Um dos jogadores do nosso elenco era o Tutuca, que por coincidência era filho do Liberatinho. Independente do placar, do resultado e da configuração do jogo, Tutuca era sempre escalado no segundo tempo. Sempre a mesma coisa. O que nos leva, finalmente, ao confronto de ontem entre Brasil e México.

O Brasil novamente não jogou bem. E mais uma vez foi previsível. Trata-se de um time fácil de ser marcado. E as substituições, que poderiam mudar o andamento da partida, foram igualmente previsíveis. A primeira foi para consertar um erro de escalação: Ramires é útil como segundo volante, vindo de trás sem marcação como elemento surpresa. Como terceiro homem de meio-campo é aquilo que vimos. Paulinho está mal, e nesse caso Ramires seria uma boa opção pensando na sequência da competição.

As outras duas substituições foram mais do mesmo: meio-campo por meio-campo, centroavante no lugar de centroavante. E o time continuou jogando da mesma maneira. Parece que cada jogador tem o seu reserva predefinido – com características similares ao do titular da posição – e as alterações são sempre seis por meia dúzia. Nos jogos realmente decisivos, temos opção caso seja preciso fugir de uma retranca ou tentar algo diferente? Por que não Willian e Oscar juntos?

Mas não se desesperem. Apesar de Liberatinho e de suas substituições previsíveis, aquela equipe foi muito vitoriosa. Portanto, ainda acredito que o hexacampeonato virá. O que ficou claro hoje é que ainda sofreremos muito até lá.


Mauricio Canêdo Pinheiro, economista, pesquisador do IBRE/FGV e goleiro (de pelada)


Rumo ao hexa!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Copa ao redor do meu umbigo (I): Brasil 3 x 1 Croácia

Durante a Copa do Mundo o blog trará uma série de postagens especiais com crônicas sobre o segundo maior evento esportivo do planeta (o maior é esse). Então, é só ler as crônicas e tirar onda de profundo conhecedor do velho esporte bretão com seus amigos. Lá vai a primeira.

Ganhamos no talento e na criatividade

Estreamos com vitória. Difícil, como havia imaginado. O time croata é habilidoso e aquela camisa quadriculada deles deu uma desorientada na nossa defesa. Eu mesmo já tive uma crise de labirintite durante um jogo deles na Copa do Mundo de 1998.

Oscar foi o melhor em campo e me surpreendeu. Não vinha atuando bem nos últimos jogos. Neymar também merece destaque, embora tenha prendido demais a bola em alguns lances. Menção adicional de louvor para Luiz Gustavo.

Pelo lado negativo, achei o Hulk apagado. Daniel Alves foi disparado o pior do Brasil em campo. O lance do gol croata teve origem nas suas costas. Thiago Silva passou o jogo todo cobrindo o buraco que ele deixou no lado direito de nossa defesa. E tudo isso sem criar nada relevante em termos ofensivos. Teria sido melhor ter jogado com o Robocop do Miguel Nicolelis na lateral direita. Também me preocupou o desempenho da defesa em bolas cruzadas em nossa área.

Fred não esteve em tarde feliz. Em sua defesa, pode-se dizer que estava isolado e só recebeu duas bolas no jogo todo. Um cruzamento de Oscar no primeiro tempo, em que o nosso camisa nove estava mal posicionado, e a bola em que sofreu o pênalti. Quer dizer, não sofreu. Mas o juiz marcou. Só não dá para crucificar o árbitro por conta disso. Um sujeito que cresceu assistindo lutas mal coreografadas, em seriados como Spectreman, Jaspion e congêneres, tem certa dificuldade para discernir entre o contato físico natural do jogo e um puxão faltoso.

A questão é quem vai pagar pelo serviço que o árbitro japonês prestou ao Brasil. Inicialmente a Fifa havia divulgado que, assim como as estruturas temporárias fora do estádio, caberia ao Corinthians arcar com esse custo. Em comunicado oficial o clube paulista transferiu a responsabilidade para a CBF. Já pagamos por cinco anos de pênaltis duvidosos para os donos da casa no Itaqueirão, teria dito um diretor corinthiano. Já está no pacote, não vamos pagar duas vezes pelo mesmo serviço, complementou.

A CBF também disse que já pagou. Se os croatas querem pênaltis a favor da seleção deles que façam uma Copa do Mundo na Croácia. No fim das contas, ficou decidido que é o governo federal que vai arcar com a conta. Brevemente Dilma deve anunciar uma operação triangular (ou quadrangular, quem sabe?) envolvendo o Tesouro, o BNDES e alguma estatal. O brasileiro é um povo criativo. Os mesmos que criticam Fred pela sua criatividade na simulação do pênalti, também criticam a contabilidade criativa do Arno. São os mesmos pessimistas de sempre. Como a Croácia, eles já saem perdendo, teria afirmado nossa presidenta. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, reforçou enfatizando que precisamos fomentar nossos campeões nacionais.

Por fim, o Velho Lobo me mandou um WhatsApp dizendo que FRED CANASTRÃO tem treze letras. Vamos ser campeões de novo. Agora só faltam seis!

Pênalti claro

Substituição no Brasil: sai Daniel Alves ...