A propósito, sempre me intrigam as ilustrações que eles incluem junto com os artigos. Se alguém conseguir compreender a relação dela com o conteúdo do artigo, por favor me avise.
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Sem concorrência, não há inovação
Atualmente o Brasil investe 1,2%
do PIB em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Se não chega a ser um
desempenho brilhante, está longe de ser um fracasso. Trata-se de percentual
próximo ao de alguns países mais desenvolvidos, como Espanha e Itália, e muito
superior ao dos países da América Latina.
A comparação com os países mais
ativos nessa área mostra que, no caso brasileiro, são os investimentos privados
em P&D que ainda são modestos e precisam ser aumentados.
Nesse sentido, há alguns dias o
governo federal lançou o Plano Inova
Empresa, um conjunto de medidas de fomento à inovação. O plano consiste em
diversas ações voltadas para redução do custo do investimento corporativo em P&D.
Além da ampliação do volume de financiamento, foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), para promover uma maior aproximação
entre empresas, centros de pesquisa e universidades públicas. Também foram propostas
medidas para promover a gestão integrada e a coordenação dos diversos programas
do governo de estímulo à inovação, bem como redução da burocracia no acesso das
empresas a eles.
É difícil, sem um maior
detalhamento das propostas, avaliar a possibilidade de sucesso do plano. No
entanto, pode-se dizer que, em parte, o diagnóstico está correto. Em especial,
as ações anunciadas buscam mitigar os principais custos associados à atividade
de inovação no Brasil, principalmente no setor privado.
Entretanto, o diagnóstico que
orientou o Plano ignora que as empresas não inovam por acaso, mas para obter
vantagens sobre seus concorrentes. Mesmo que o custo do investimento em
inovação caia, se as empresas brasileiras não enxergarem benefícios
significativos na atividade, não aumentarão significativamente o esforço
inovativo.
Para ilustrar esse ponto, basta
notar que, a despeito do aumento expressivo do volume de recursos públicos disponíveis
para o fomento à inovação, o investimento privado na atividade aumentou muito
pouco nos últimos anos. Há recursos, mas as empresas não se interessam em
utilizá-los.
Ou seja, não basta reduzir o
custo, como pretende o Plano: é preciso também aumentar o benefício percebido
pelas empresas com a inovação. E, nesse sentido, a competição é talvez a
ferramenta mais poderosa para alcançar esse objetivo. Para que as empresas
inovem mais é preciso expô-las à competição internacional.
Não é isso o que se vê. De fato, a
política industrial brasileira tem tido um viés cada vez mais protecionista.
Apenas para citar um exemplo: requerimentos de conteúdo local têm se tornado
cada vez mais comuns como ferramenta de política industrial. E, para piorar,
não há sinalização de que esses requerimentos serão reduzidos com o tempo. Ao
isolar ainda mais as empresas brasileiras da competição internacional,
reduzem-se os incentivos para inovar. Se a inovação não se tornar um imperativo
para as empresas, políticas que reduzem o custo da atividade inovativa, como as
anunciadas recentemente, correm o risco de ter efeito muito limitado.