quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Grandes Clássicos do Nosso Cancioneiro Popular (1): Fuscão Preto

Difícil escrever sobre esta canção que remonta a minha infância. Uma das minhas lembranças mais antigas é de eu estar cantando esta pérola musical em meu aniversário de quatro anos. Minha avó tinha um cachorro batizado por mim de Fuscão Preto. Não por acaso, foi escolhida para dar início à série de posts intitulada Grandes Clássicos do Nosso Cancioneiro Popular.

Composição de Atílio Versuti e Jeca Mineiro, Fuscão Preto foi interpretada por grandes ícones de nossa música, entre eles Milionário e José Rico e Trio Parada Dura. No entanto, a minha versão preferida é a de Almir Rogério, lançada como compacto em 1981. Foi um sucesso estrondoso, mais de um milhão de cópias vendidas em pouquíssimo tempo, o que motivou o seu relançamento no álbum Sertão Jovem. Disco de Diamante. No mesmo álbum o próprio Almir Rogério compôs e interpretou a música O Motoqueiro, uma continuação da história de Fuscão Preto, na qual o dono do carro negro se vê trocado no dia do casamento pelo amor de um motoqueiro.

Diria inclusive que o compacto Fuscão Preto é a primeira tentativa bem-sucedida de um álbum conceitual tipicamente brega. O tema unificador é a traição. De um lado a dor e a desilusão do corno em Fuscão Preto, do outro a angústia daquele que trai em O Nono de Vossa Lei (alusão ao nono mandamento – não desejar a mulher do próximo). Não seria exagero afirmar que se trata verdadeiramente de uma ópera-brega. E a mensagem de Fuscão Preto tem tanta força que jamais ficaria confinada a um único tipo de expressão artística. Em 1982 foi lançado o filme homônimo, estrelado por Almir Rogério e Xuxa Meneghel, antes desta se transformar na rainha dos baixinhos. Se fosse lançada hoje, provavelmente a música viraria mini-série da Rede Globo, brinquedo e jogo de vídeo-game. O que mais se pode dizer: simplesmente um clássico!

Leiam a letra, ouçam a música e vejam o filme.
 

 
Fuscão Preto (Atílio Versuti – Jeca Mineiro)

Me disseram que ela foi vista com outro
Num fuscão preto pela cidade a rodar
Bem vestida igual à dama da noite
Cheirando a álcool e fumando sem parar
Meu Deus do céu, diga que isso é mentira
Se for verdade esclareça por favor
Daí a pouco eu mesmo vi o fuscão
E os dois juntos se desmanchando em amor
Fuscão preto você é feito de aço
Fez o meu peito em pedaços
Também aprender a matar
Fuscão preto com o seu ronco maldito
Meu castelo tão bonito
Você fez desmoronar



Fuscão Preto (de Jeremias Moreira Filho)

Fuscão Preto é uma fantástica aventura, que fala do amor de um carro por uma jovem. O ambiente é uma típica cidade do interior, o prefeito Rui, está empenhado em persuadir Lucena a substituir sua criação de cavalos por plantação de cana, e juntos, instalarem uma usina de álcool. Para isso, força o casamento de seu filho com Diana, filha de Lucena. O Fuscão Preto interfere nessa trama. Assistindo o desenrolar desse conflito está Lima, que como Marcelo, busca sua forma de vencer o Fuscão, seu rival, através do que melhor sabe fazer: domar. Permeando toda a estória, e de forma, se contrapondo, estão os dois meios: o urbano, com suas festinhas, papos de bares, clubes, etc, e o rural, com suas modas de viola, a vida na fazenda e seus personagens ingênuos. O Fuscão Preto faz o elo de ligação, criando um clima de medo e curiosidade para os dois lados e conduzindo a estória a um final inesperado.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Post Inaugural

Este é um blog para falar das coisas que me cercam e como eu as enxergo, por isso o título ‘meu umbigo e arredores’. Muitas vezes os arredores do meu umbigo mal chegarão à esquina da minha rua, outras vezes alcançarão os confins do universo. É um blog sobre economia, sobre música, sobre futebol, sobre tudo que me interessa. Tudo sob um ponto de vista bastante particular: o meu.